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sábado, 27 de dezembro de 2008

A Knight's Tale

Não sou um bom escritor de contos, mas esse surgiu a partir de fatos reais que aconteceram e vem acontecendo comigo:


Conto de um Guerreiro


Naquela noite escura meu coração bateu mais forte novamente. Vi minha princesa dos contos de fada, com seu jeito meigo e doce novamente. Por alguns instantes esqueci a deusa grega para quem há pouco havia entregado meu coração. Sim, já havia rendido meu amor pela princesa e sacrificado meu coração a uma outra donzela, de longas tranças negras e sorriso brilhante.

Não sabia o que fazer, avistava a princesa de longe, pois era repelido por uma nuvem negra que afastava de mim toda coragem e derretia minha couraça como se fosse plástico numa fogueira. Não mais conseguia olhar para os olhos dela, mas não pelo meu coração dividido, mas pelo anel na mão dela, com um nome escrito em árabe. Aquele nome era o noivo dela, o qual foi meu amigo durante anos.

Meu corpo ardia em febre, não febre de amor, mas ódio. Minha espada desembainhava-se como se quisesse cortar o pescoço de alguém. Sentia-me como se fora traído. Porém, por mais que pensasse coisas absurdas, não era capaz nem de levantar a voz contra ninguém. O que fazer? Estava sob controle por fora, mas inquieto e feroz por dentro.

Minha armadura era negra como o carvão, minha montaria era da cor do barro, mas minha espada brilhava como se fosse feita de ouro. Meu semblante era como o de um homem selvagem e minha face a de um guerreiro orgulhoso. Guerreiro? Poderia alguém me chamar de tal modo se soubesse o que se passava em minha alma? A cruz cozida em minha capa era mero enfeite, não significava mais nada.

Era noite de festividades, não conseguiria me manter se não bebesse bebida forte. Fui a outro lugar. O local não era bem uma taverna, mas serviam bebidas vindas de todas as partes do mundo, destiladas e fermentadas. Pedi a dose mais forte que havia; era uma bebida amarela. Bebi em um gole como se minha vida dependesse daquilo – e dependia.

Voltei à praça principal desmontado, só com minha roupa no corpo e minha espada na mão esquerda. Era destro, mas do jeito que estava não sabia mais o que era direita nem esquerda.

Não, eu não estava fora de mim. Muito pelo contrário, sentia minhas forças de volta a cada passo que dava em direção ao árabe. O desafiei para um duelo, espada contra espada. Ele sorriu para mim e sugeriu que eu bebesse um pouco de água, para me acalmar. Ele ainda me via como seu melhor amigo, mesmo sabendo que um dia eu havia prometido meu nome a princesa que agora pertencia a ele. Levantei minha lâmina à altura da garganta dele e ameacei-o. Todos estavam horrorizados com tal cena, porém ele estava calmo como se confiasse na minha espada. Novamente me aconselhou a tomar um gole de água e me acalmar. Aceitei.

O que eu havia feito? Ameacei matar o cara que salvou a minha vida dezenas de vezes; devia a minha a ele. Minhas mãos tremiam como se eu estivesse doente. Tomei daquela água como se fosse sangue, o sangue que eu não derramei naquela noite. A princesa me olhava com olhar de pena, com se eu fosse um pobre coitado, cujo noivo dela havia ajudado.

Caído no chão de joelhos, logo estava cercado de gente. Minha deusa demorou um pouco para aparecer. Quando chegou sorriu de tal forma que eu não via mais nada além daquela boca desenhada, cujos dentes brilhavam para mim e por mim. Resgatou-me daquele vexame, ajudou-me a montar-me na estampilha de meu cavalo e levou-me à sua casa.

Quando acordei, pensei ter passado por um pesadelo. Dentro de alguns instantes já podia ver novamente aquele sorriso que brilhava e iluminava minha alma. Entreguei-me aos braços dela, ela me amava como nunca ninguém me amou.

Somente naquela noite pude entender que não vivo para obter minha própria felicidade individual e egoísta, mas para levar a felicidade para alguém que a mereça.



Escrito ao som de:

Carlos Santana - Santana

Nickelback - All The Right Reasons

Diana Krall - The Girl In The Other Room

4 comentários:

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